Superstições
O meu gatinho é preto. Só este simples facto faz com que muita gente fique de olhos arregalados quando o vê. Mas após o choque inicial, quando lhes digo que se chama Lúcifer, não raras vezes, a primeira atitude da pessoa em questão é benzer-se e dizer um sonoro “ai, credo”, SEMPRE!
Devo dizer que esta reacção ao princípio até me divertia, agora começa a aborrecer-me que as pessoas tenham de tal forma intrínsecas as crenças e superstições ligadas a estes dois pontos.
Tenho de explicar que não sou satânica, nem nada parecido, aliás, bem pelo contrário.
Além do factor “estupidez crónica”, aceitei o nome que a madrinha do bicho escolheu após ler o que significa realmente - “o portador de luz", a estrela D'Alva. Achei apropriado, somente... Isso e o facto de adorar a sonoridade do nome, mesmo (e agora é o momento em que mais meia dúzia se benze, porque disse uma heresia). A tudo isto juntar o facto de o ter adquirido num dia 13 é como que a cereja no topo do bolo.
Mas a verdade é que o meu bichinho é um doce, chega a dar-me festinhas (mesmo, mesmo, mesmo festinhas), adora-me e só quer brincadeira. Apesar da responsabilidade, foi o melhor que poderia ter feito. A família toda anda derretida, o mano que a primeira vez que viu o bicho disse a celebre frase “eu tenho medo de gatos” é um padrinho exemplar. E a minha mãe que sempre foi contra ter gatos, que não gostava de gatos e que tais, dirige-se ao bicho intitulando-se de avó.
E pronto, mais um pequeno relato que nada interessa...