Um dia quererás casar?
Hoje tiro o dia para, finalmente, dizer o que penso sobre o casamento.
Se antes tinha a resposta, à pergunta acima, na ponta da língua – um redondo e sonoro não – hoje em dia, paro e revolvo a cabeça em busca da correcta definição de casamento para a tentar responder. Penso na sua definição e no facto de que tal conceito engloba questões bem mais sérias do que por vezes as pessoas se dão ao trabalho de ponderar. São as classificações jurídicas, o tremendo peso religioso que tal definição herdou, é a questão mais recente dos direitos que este engloba (o direito à família e à igualdade), tudo isto questões que neste post não irei me irei alongar.
Depois de ler frases como “o casamento é a união entre um homem e mulher, com o intuito de criar família legitima” ou “o casamento é o acto solene de união entre duas pessoas de sexo diferente, capazes e habilitadas, com legitimação religiosa e/ou civil, podendo não existir amor entre os cônjuges”, a melhor definição por mim encontrada é mesmo a de ser somente a união de duas pessoas perante o reconhecimento social/governamental e por vezes também o religioso.
Sinceramente, e sendo breve, não me faz muito sentido ter o reconhecimento estadual/social. As regalias inerentes ao casório, por si só não me convencem, aliás, não percebo mesmo as razões das mesmas existirem. Regalias essas que, por momentos, deixam-me a ponderar se são justas e equitativas. (aqui entra a história do casamento homossexual, que lá está, não vou comentar).
No caso daqueles que realizam o sagrado matrimónio, numa igreja, todos lindos e pimpolhos como manda a tradição, não vejo qualquer razão para realizar o mesmo. Isso porque, actualmente, sou pessimista o suficiente para acreditar muito pouco em toda e qualquer promessa que seja feita no altar (é que sou uma menina de levar as promessas demasiado a sério). Aquela história do “vou amar-te e respeitar-te e ser-te fiél para o resto da minha vida e bláblá” pura e simplesmente acho muito bonito mas não acredito num pedacito daquilo que me entraria pelos ouvidos. É isso e o “estão casados aos olhos de Deus para todo o sempre” (lá está, o sempre mete-me uma confusão dos diabos). Sendo a minha fé na igreja cristã, actualmente, quase inexistente (assim, pequenina, pequenina, a roçar o microscópica), usarem esse argumento é pura e simplesmente uma treta. Isto já deixando de fora a ideia de quem casa pela estabilidade económica ou o crescente marketing à volta de uma boda, que isto hoje, casar é sobretudo pela festa e não tanto pelo significado!
Bem, depois de escrever tudo isto, penso que se calhar o problema é meu, que acho o casamento algo tão sério que chega a ser um pouco utópico e por vezes até contraditório! Desde as promessas feitas, ao acto religioso acho tudo tão romanceado que nunca será real. E para estar numa de faz de conta acho que prefiro uma união de facto.
AINDA não vejo o casamento como provavelmente deveria, (e aqui acho que a idade e o tempo terão alguma influência nas opiniões que tantas vezes alteram) mas sinceramente acho que o contrato que se realiza nesse dia, o dedicar-me ao outro enquanto me for possível, o dever de respeitá-lo e tudo o que esta concepção abrange deve ser primariamente uma constante na cabeça. Não acredito ser necessário um documento que me relembre todos esses direitos e deveres!
Lá está, tudo isto tem a ver com o que cada um classifica o casamento. Quem acha que se resume a celebração do amor entre duas pessoas, festeja-se e é-se feliz nesse dia por ter-se um vestido de princesa e os familiares e amigos como testemunha do amor entre os pombinhos. Se se leva como um contrato, assinam-se uns papéis numa qualquer conservatória e pronto,já está. Se se é religioso tudo isto terá de ser aos olhos de Deus, celebrado numa igreja, com o Sr. Padre a abençoar.
No meu caso acho o casamento algo acima de tudo psicológico, uma maneira de ver e estar na relação. A partir do momento em que a relação conjuga tudo o que esperaria de um casamento consumado, a partir do momento em que é ele a pessoa com quem pretendo partilhar a minha vida a 110%, pelo tempo que nos for possivel, sem obrigações temporais como o para sempre e afins, então penso ter tudo o que é realmente preciso. Por tudo isto, se uma união de facto para mim chegaria… Sim, chega perfeitamente!